Vamos levando...



O caso Carlos Lupi é emblemático da absoluta banalização e institucionalização do malfeito na administração pública brasileira.

Prevaricar, mentir, corromper ou deixar corromper são atos que, a despeito de sempre terem existido na política, graças a uma imprensa livre e vigilante nunca tinham se tornado tão evidentes. Especialmente, nos últimos tempos, na administração federal e, mais grave, envolvendo parcela significativa de assessores diretos da presidência da república – ministros de Estado.

Era de se esperar, portanto, diante desse quadro, que a chefe-maior do Executivo fizesse mesmo a chamada “faxina ética”, cuja prática, diga-se, não afigura nenhum mérito da presidente, mas sim uma obrigação, já que ela foi eleita principalmente para bem administrar e bem zelar o patrimônio de milhões de brasileiros.

Mas, em se tratando de Carlos Lupi, parece que a presidente “encostou” a “vassoura”.

Essa de Dilma ignorar o parecer da Comissão de Ética da própria presidência, pedindo explicações mais “contundentes” para exonerar o ministro (como se o parecer não fosse claro e as provas idem) indicam que Lupi não bravateou: só sai mesmo “à bala” de grosso calibre.

Afora a arrogância verbal, nenhuma grande diferença, aliás, com os outros quatro ou cinco (já perdi a conta) ministros saídos anteriores, que no meio do furacão disseram-se injustiçados e, quando não deu mais para não serem demitidos, receberam a degola.

Ao que parece, e apesar do caso Lupi parecer ainda mais grave (ainda mais?), Dilma dá de ombros tendo em vista uma reforma ministerial iminente, a acontecer, dizem, no começo do ano que vem. Lupi e outros que não estariam agradando a presidente, enfim, sairiam nela – a cota de demissões de ministros parece que se esgotou esse ano.

Mas e daí? Se com Lupi Dilma, na tal reforma, fizer o que fez com os outro quatro ou cinco demitidos, ou seja, trocar seis por meia dúzia (leia-se: trocar “A” por um indicado “B” do mesmo partido “dono” do ministério), mantendo esse aparelhamento partidário – verdadeira “herança maldita” recebida de Lula – em nome da “governabilidade”, permitindo-se prevaricar, mentir, corromper ou deixar corromper, reforma alguma haverá e tudo permanecerá como está.

A se confirmar isso, no ano que vem mais seis ou sete ministros caem.

E vamos levando...

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